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A Farmácia Comunitária

A Farmácia Comunitária
Em Portugal, existem farmacêuticos desde 1449, época em que estes profissionais eram conhecidos como boticários. As suas funções centravam-se na preparação oficinal de medicamentos ou substâncias medicamentosas. Por esta razão, até há cerca de uma década, as farmácias eram denominadas Farmácias de Oficina. 

Progressivamente, a atividade do farmacêutico começou a centrar-se cada vez mais no cidadão, vindo a desenvolver-se serviços de apoio essencialmente à comunidade servida pela farmácia, passando assim a usar-se mais frequentemente a designação de Farmácia Comunitária. 

Hoje, o espectro de atividades exercido pelo farmacêutico comunitário é amplo, podendo variar de país para país. Portugal é frequentemente referido nos meios políticos e científicos como um dos países na Europa em que um maior leque de serviços é disponibilizado à população. Na realidade, pela ampla cobertura geográfica que as farmácias têm no território nacional e pela elevada competência técnico-científica dos seus recursos humanos, estas estruturas tornaram-se aliados essenciais para a garantia dos pilares preconizados no Serviço Nacional da Saúde (SNS): a acessibilidade ao medicamento e a equidade na prestação de cuidados de saúde de qualidade a todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica.

Em muitas zonas do território nacional, as farmácias são a única estrutura de saúde disponível capaz de prestar cuidados de proximidade, sendo nestes locais o farmacêutico o único profissional capaz de evitar deslocações desnecessárias a outros serviços de saúde perante transtornos de saúde menores, através da dispensa e aconselhamento sobre o uso correto de medicamentos não sujeitos a receita médica e medicamentos de venda exclusiva em farmácia. Tem também um papel determinante na promoção da literacia em saúde e na promoção da correta navegação do cidadão dentro do sistema de saúde, favorecendo o bom uso dos escassos recursos disponíveis.  

O papel do farmacêutico na área da Saúde Pública tem vindo a revelar-se determinante nas últimas duas décadas. O farmacêutico comunitário tem uma posição privilegiada para poder contribuir em áreas como a gestão da terapêutica, administração de medicamentos, determinação de parâmetros, identificação de pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e promoção de estilos de vida mais saudáveis.

Para além destes e mais serviços centrados no cidadão, a atividade central do farmacêutico, e aquela na qual a sua preparação académica lhe aporta certamente uma maior diferenciação face aos restantes profissionais de saúde, sempre foi, continua a ser e será a área do medicamento. O farmacêutico é altamente competente em farmacoterapia, sendo assim determinante o seu papel na promoção do uso responsável do medicamento, em articulação com os restantes profissionais de saúde.

Nesta área, destacam-se alguns serviços de diferentes graus de complexidade, mas todos eles com elevado valor por diferentes razões:
  • A gestão e otimização da terapêutica periódica e enquadrada num plano contínuo com vista ao alcance de objetivos terapêuticos, identificação e resolução ou prevenção de problemas relacionados com medicamentos, passando assim a denominar-se cuidados farmacêuticos ou acompanhamento farmacoterapêutico. Este é um serviço de elevada complexidade e que pressupõe uma corresponsabilidade do farmacêutico, do médico e da pessoa com doença pela obtenção dos melhores resultados para a saúde deste último. São processos estruturados que, de acordo com a farmácia, se poderão organizar de uma forma mais direcionada para pessoas com terapêuticas crónicas em geral, ou para grupos específicos de patologias, nomeadamente a diabetes, asma/doença pulmonar obstrutiva crónica ou hipertensão/dislipidémia.

  • A revisão da medicação, a qual poderá ser feita de forma isolada recorrendo unicamente ao histórico farmacoterapêutico da farmácia, ou articulada com a medicação proveniente de outras fontes, favorecendo-se nesse caso a entrada para outro serviço, que é o da reconciliação da terapêutica. Este último revela-se particularmente útil em pessoas que transitam entre diferentes níveis de cuidados, nomeadamente o hospital e os cuidados continuados.

  • A promoção da utilização de medicamentos genéricos, a qual atualmente se encontra igualmente cofinanciada pelo SNS, tendo um papel importante na promoção da adesão à terapêutica quando a não adesão se relaciona com questões económico-financeiras, bem como um papel determinante no acesso à inovação pelo facto de permitir poupanças importantes ao SNS.

  • A promoção do autocuidado e a orientação do cidadão na utilização de medicamentos que recorrem a dispositivos médicos para uma correta administração, tarefa determinante para a otimização da terapêutica.

  • Encaminhamento do doente para diversos programas de adesão à terapêutica, disponíveis em vários formatos, desde o envio de alertas (via SMS, por exemplo) até à preparação individualizada da medicação. 

A intervenção na Saúde Pública faz-se, também, desde 2007 na vacinação contra a gripe e outras patologias em grupos de risco, sendo cada vez maior o contributo dos farmacêuticos nesta área. Estudos revelam que cada vez uma maior proporção de cidadãos prefere ser vacinado na farmácia devido ao menor tempo de espera e à sua grande confiança no farmacêutico. Será importante caminhar para uma maior integração deste serviço no SNS para que dele se possa tirar o máximo benefício. 

A prevenção da doença e suas complicações passa pela identificação de fatores de risco e referenciação atempada para cuidados médicos especializados e adequados à situação em causa, para que, se pertinente, possa haver instituição de terapêutica. Praticamente em todas as farmácias portuguesas, os cidadãos podem a qualquer hora do dia entrar e sem marcação fazer a determinação da sua pressão arterial, glicémia, colesterol, índice de massa corporal, débito expiratório máximo instantâneo ou calcular o seu risco cardiovascular, entre muitos outros testes mais recentes que têm vindo progressivamente a ser implementados. 

Ainda na área da Saúde Pública, é importantíssimo o contributo dos farmacêuticos na preservação do ambiente, através da participação em diversos programas de reciclagem (e.g. campanha de recolha de radiografias) ou de gestão de resíduos (e.g. recolha de medicamentos fora de uso), bem como a participação em programas que versam os comportamentos aditivos e dependências e o envolvimento em programas de minimização de danos. Desde 2017 que este serviço começou a ser remunerado pelo SNS, clara demonstração do reconhecimento do benefício por ele gerado.    

O incentivo à adoção de comportamentos mais saudáveis tem também sido uma área cada vez mais abraçada pelos farmacêuticos, começando já a ser frequentes as farmácias que dispõem do serviço de cessação tabágica, por exemplo.

Os farmacêuticos comunitários estão empenhados em disponibilizar cada vez mais serviços essenciais à saúde do utente, quer na vertente preventiva quer na vertente terapêutica.