
Presente na comemoração dos 50 anos da constituição formal da Ordem dos Farmacêuticos (OF), o ministro da Saúde recordou o importante papel social da profissão, que transcende o seu saber técnico e científico, evidente na disponibilidade e proximidade à população e às comunidades em que estão inseridos.
Manuel Pizarro elogiou a iniciativa da OF, ao celebrar os seus 50 anos num espaço como o Museu do Tesouro Real, reconhecendo e enaltecendo assim a importância da História para as organizações, combinada com a visão para o futuro e os desafios que a Saúde enfrenta nos próximos anos.
Destacou também a capilaridade da rede de farmácias comunitárias, que suplanta a rede de unidades do SNS e assegura uma assistência farmacêutica e medicamentosa homogénea a toda a população portuguesa.
O ministro realçou ainda o contributo da indústria farmacêutica para a prestação de mais e melhores cuidados de saúde. Em sua opinião, o forte investimento em inovação tem permitido o desenvolvimento de novas soluções terapêuticas para o combate às mais variadas doenças. Uma importância que se revela também, de acordo com o ministro, no crescimento dos encargos do Estado com medicamentos.
Neste âmbito, Manuel Pizarro falou sobre duas medidas previstas no Orçamento de Estado para 2023, ambas com pleno aproveitamento das potencialidades que a rede de farmácias proporciona. "Fará sentido que 150 mil doentes se tenham de deslocar centenas de quilómetros para levantar no hospital um medicamento que pode ser dispensado na farmácia da sua localidade?", questionou o ministro. "Foi preciso uma pandemia para convencer os mais recalcitrantes", respondeu depois.
Por motivos semelhantes, o ministro expressou também o desejo de concretizar a implementação de um modelo de renovação da prescrição da medicação para os doentes crónicos em farmácias. "Um serviço de enorme importância para facilitar o acesso ao SNS, aos cuidados de saúde primários, que escusam de estar sobrecarregados com tarefas de renovação do receituário crónico. Uma medida com benefícios claros para os cidadãos e que liberta os profissionais para concentrarem na sua área de especialidade", defendeu.
O ministro deu nota ainda sobre a transição digital na área da Saúde, referindo que a informação tem de estar acessível em todas as unidades prestadoras de cuidados, públicas, privadas e do setor social, sublinhando que os utentes são os proprietários da informação que lhes diz respeito, pelo que devem poder circular dentro do sistema, autorizando o acesso e a partilha pelos profissionais que lhes prestam assistência. "Vamos viver cada vez mais num mundo interprofissional, porque não há outra forma de aproveitarmos o crescimento avassalador do conhecimento científico e da evolução tecnológica", disse o ministro.
A terminar, o governante referiu-se ao processo de implementação da Carreira Farmacêutica no SNS. Lembrou o início do primeiro programa de Residência Farmacêutica já no início de 2023, para um total de 143 novos farmacêuticos. "Nestas transições há sempre dificuldades para resolver", considera. "Sei que não chegaremos a acordo em tudo, mas tenho a confiança de que poderemos aproximar suficientemente as nossas posições no sentido do fortalecimento do SNS e da valorização profissional do farmacêutico", estima o ministro.