Helder Mota Filipe começou por justificar a realização da
cerimónia no Museu do Tesouro Real, que acolhe algumas das mais valiosas joias
da coroa portuguesa, em particular da rainha D. Maria II, designada sócia
protetora da OF, pelo apoio concedido aos farmacêuticos na fundação da Sociedade
Farmacêutica de Lisboa, em 1835, da qual a OF é legítima continuadora.
"Por causa da obra de renovação da sede da OF, não temos
hoje, atrás de mim, o quadro da D. Maria II, nossa sócia protetora, mas temos
esta caixa-forte que alberga alguma das suas mais valiosas joias”, recordou o
bastonário.
Helder Mota Filipe explicou então as origens da OF e a sua
evolução aos longo dos anos, sempre de acordo com a conjuntura político social
que o país atravessava, justificando assim a passagem de sociedade científica a
ordem profissional, com um período pelo meio de quase 50 anos com associação sindical.
O modelo atual de regulação profissional e representação dos
farmacêuticos é aprovado em 1972, pelo Decreto-Lei n.º 373/72, de 23 de agosto,
que tornam a OF como a quarta Ordem profissional mais antiga do país.
"Embora acumulando 187 anos de uma história escrita
diariamente por todos os farmacêuticos e pelos seus dirigentes, que modelaram a
profissão e projetaram a sua importância como garante da qualidade dos cuidados
e serviços prestados aos cidadãos, a OF deve continuar a preparar os seus
profissionais para responder adequadamente aos desafios da sociedade”, disse o
bastonário, deixando um agradecimento público "a todos os colegas envolvidos na
construção da Ordem que hoje temos, aos colaboradores da instituição e a todos
colegas que diariamente dão a cara pela profissão. São eles que, nas diversas
áreas de intervenção, constroem a imagem que a população e a sociedade têm da
profissão”.
Dirigindo-se ao ministro da Saúde, o representante dos
farmacêuticos realçou os anos difíceis que a profissão e o sistema de saúde, de
um modo geral, atravessam, com a pandemia de COVID-19 ou os múltiplos impactos
da guerra entre a Rússia e Ucrânia.
"Os farmacêuticos estão preparados para fazer mais,
contribuindo para melhorar o acesso aos cuidados de saúde, com ganhos para os
utentes, para o sistema e para a sociedade em geral”, assegurou o bastonário. "Não
será coincidência que a proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2023
contemple duas importantes medidas há muito defendidas pelos farmacêuticos, e ansiadas
pelos utentes, para regulamentação de um regime de dispensa de medicamentos
hospitalares em proximidade, através das farmácias comunitárias, e de um processo
de renovação da terapêutica a doentes crónicos”, lembrou também.
Para o responsável da OF, ambas as medidas devem ser "adequadamente
implementadas” para poderem proporcionar importantes ganhos para os utentes, "não
apenas em termos de comodidade, o que já é importante, pelo impacto que pode
ter na qualidade de vida de muitos doentes, mas também na promoção da adesão à
terapêutica, tirando partido da excelente relação de confiança entre os
farmacêuticos e os doentes, mas também aquela que deve existir ente os
farmacêuticos comunitários e os farmacêuticos hospitalares e o necessário
estabelecimento de mecanismos de colaboração e partilha de informação entre os
farmacêuticos e, nomeadamente, os médico”, explicou.
Helder Mota Filipe lembrou ainda o período conturbado que
enfrentam os farmacêuticos que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. "Pela
primeira vez na história da profissão, concretizaram uma greve depois de,
também pela primeira vez, terem declarado escusa de responsabilidade em
diversos hospitais”, disse ainda. "Não sendo um sindicato, a Ordem consegue
reconhecer as razões desse descontentamento acumulado e a necessidade de
urgentemente encarar de frente a sua resolução”, acrescentou.
O bastonário explicou ainda os motivos para o debate sobre e
os temas em debate na Mesa Redonda que a sucedeu. Deu ainda destaque à
realização da exposição farmacêutica e à homenagem da OF a cinco personalidades
"com vidas cheias de serviço à profissão e às Ciências Farmacêuticas”.
A terminar, o dirigente da OF lembrou a aproximação aos
membros, aos futuros farmacêuticos e à Academia como uma das prioridades do seu
mandato. "Com estas comemorações lançamos um programa extraordinário de ingresso
e reingresso na OF com condições especiais. Queremos os farmacêuticos unidos em
torno da sua profissão. Queremos ajudar a construir um futuro melhor para a
profissão, para o país e para os nossos utentes. Queremos uma profissão preparada
para enfrentar os próximos desafios, para se desenvolver nos próximos 50 anos”,
concluiu o bastonário.
“Uma profissão preparada para enfrentar os próximos desafios”