Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso. Saiba mais

Compreendi
Imaem noticias

Artigos

Hipertensão arterial: controlo e prevenção

  • Cidadão
  • cidadao-promoção-saúde
25 Novembro 2024
Hipertensão arterial: controlo e prevenção
A pressão arterial consiste na força que o sangue exerce no interior das artérias (vasos sanguíneos) à medida que é bombeado pelo coração para ser distribuído por todo o corpo. Esta pressão é necessária para que o sangue consiga circular pelo organismo.  A pressão sanguínea varia naturalmente ao longo do dia, sendo normal que, por vezes, ocorra um aumento em determinadas situações como, por exemplo, após a prática de atividade física. No entanto, quando a pressão arterial permanece constantemente elevada, mesmo em repouso, representa um sinal significativo de alerta.

A pressão arterial elevada, denominada de hipertensão arterial, ocorre quando, de forma crónica, a força exercida pelo sangue nas paredes dos vasos sanguíneos é superior ao normal. Isto significa que o coração tem de trabalhar mais e, por conseguinte, os vasos sanguíneos encontram-se sob maior pressão. As pessoas com hipertensão têm um maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas patologias pelo que é fundamental o seu diagnóstico atempado e tratamento adequado.

Na maioria dos casos, a hipertensão surge sem causa aparente. Nestas situações diz-se que a hipertensão é essencial ou primária. Quando é possível identificar uma condição de saúde relacionada com o seu aparecimento, estamos perante uma hipertensão secundária

Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão? 

Geralmente, não existe uma causa específica para o desenvolvimento da hipertensão, contudo, esta está frequentemente associada a hábitos alimentares, estilo de vida e determinadas condições clínicas. Alguns fatores são considerados modificáveis, ou seja, passiveis de intervenção, enquanto outros são não modificáveis.  É de salientar que estes fatores interagem entre si, aumentando de forma considerável a probabilidade de aparecimento de doença cardiovascular.

Fatores de risco modificáveis:
  • Consumo de tabaco;
  • Sedentarismo;
  • Ingestão excessiva de sal, açúcar ou álcool;
  • Dieta com elevador teor em gorduras e com baixo consumo de frutas e vegetais;
  • Excesso de peso e obesidade;
  • Diabetes mellitus;
  • Colesterol elevado;
  • Qualidade do sono.
Fatores de risco não modificáveis:
  • Idade avançada;
  • Raça (maior prevalência em indivíduos de raça negra);
  • História familiar de hipertensão.
A toma de certos medicamentos também pode estar associada ao aumento da pressão arterial ou dificultar o seu controlo, como por exemplo, os contracetivos orais e os descongestionantes nasais.

Porque é que a pressão arterial elevada constitui um problema para a minha saúde?

A hipertensão representa um fator de risco importante para o desenvolvimento de complicações sérias de saúde. Apesar de as artérias possuírem elasticidade, valores de pressão arterial permanentemente elevados durante um longo período de tempo podem causar danos irreversíveis nos vasos sanguíneos, tornando-os rígidos ou estreitos, obrigando o coração a um maior esforço para conseguir que o sangue circule por todo o corpo. Quanto maior a pressão arterial, maior o risco para a sua saúde.

Se não tratada, a hipertensão arterial pode originar complicações como doença renal, perda de visão, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. 

Quais são os sintomas?

A hipertensão arterial é considerada uma doença silenciosa, dado que a grande maioria das pessoas que sofre desta condição desconhece a sua presença, uma vez que não existem sintomas específicos. Ocasionalmente, podem surgir sintomas como cefaleias, tonturas, dores no peito, visão alterada, zumbido nos ouvidos e sangramento nasal. 
Contudo, com o avançar dos anos, a pressão arterial elevada acaba por danificar os vasos sanguíneos e órgãos vitais, como o cérebro, o coração e os rins, podendo desencadear alguns sinais e sintomas relacionados com estas complicações.

A realização de medições periódicas pelo seu médico ou farmacêutico é a melhor maneira de saber se tem hipertensão.

Como interpretar os valores da pressão arterial?

A pressão arterial é interpretada com recurso a duas medidas:
  • Pressão sistólica. Corresponde ao valor superior, também conhecido como "máxima”, e refere-se à medida da pressão dentro das artérias quando o coração bombeia o sangue para todo o corpo.
  • Pressão diastólica. É a medida da pressão dentro das artérias quando o coração está em repouso entre os batimentos cardíacos, também conhecida como "mínima”.
A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). O valor ideal encontra-se entre os 90/60 mmHg e 120/80 mmHg. Considera-se pressão arterial elevada quando se alcançam valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg, quando medida em contexto de consultório, ou quando a média das medições no domicílio é superior a 135/85 mmHg.

Uma única leitura com um valor elevado não significa necessariamente que a pessoa seja hipertensa. 

O seu diagnóstico é assim estabelecido pelo médico com base em múltiplas leituras da pressão arterial, com recurso a um aparelho calibrado e validado, de forma a verificar que os seus valores se encontram constantemente acima do normal. As medições devem ser feitas em diferentes ocasiões, e a pessoa deve encontrar-se relaxada. Pode também ser recomendada a monitorização da pressão arterial através de um exame chamado MAPA (monitorização ambulatória da pressão arterial). A monitorização ocorre por meio de um dispositivo que avalia a pressão arterial em intervalos regulares, habitualmente durante 24 ou 48 horas, proporcionando uma informação precisa sobre a pressão arterial média do utente.
Uma vez confirmada a existência de hipertensão, são realizados exames complementares, para compreender melhor a sua origem e complicações que possam estar associadas.

Como é classificada a hipertensão?

A hipertensão arterial pode ser classificada por graus, de acordo com os valores medidos, com o intuito de definir a gravidade da doença e orientar a abordagem terapêutica.

Grau I – pressão arterial encontra-se entre 140/90 mmHg e os 159/99 mmHg em consultório médico, ou entre 135/85 mmHg e 149/94 mmHg no domicílio.

Grau II - pressão arterial encontra-se entre 160/100 mmHg e os 180/120 mmHg em consultório médico, ou superior a 150/95 mmHg no domicílio.

Grau III – a pressão arterial sistólica encontra-se acima dos 180 mmHg ou pressão arterial diastólica acima dos 120 mmHg em consultório médico.

Hipertensão sistólica isolada – a pressão arterial sistólica apresenta um valor igual ou superior a 140 mmHg, e a pressão arterial diastólica inferior a 90 mmHg.

O que são a hipertensão da bata branca e a hipertensão mascarada?

A hipertensão da bata branca é definida como uma elevação persistente dos valores da pressão arterial apenas no consultório médico, ou seja, quando a medição é feita no domicílio a pressão arterial apresenta valores normais. Tal acontece porque, por vezes, em ambiente de consulta, algumas pessoas ficam mais ansiosas, contribuindo para um aumento transitório da pressão arterial.

No caso da hipertensão mascarada, verifica-se o oposto. A pessoa apresenta valores normais no consultório, mas valores elevados fora deste.

A hipertensão arterial tem cura? Qual o tratamento?

A pressão arterial pode ser eficazmente controlada, através de alterações nos hábitos de vida. A cessação do consumo de tabaco, a prática de exercício físico regular, e a manutenção de um peso corporal adequado constituem medidas importantes que permitem baixar os níveis de pressão arterial. Deverá ser limitado o consumo de álcool, e privilegiada uma dieta rica em fibras e com baixo teor em sal e gorduras.

Todavia, na maioria dos casos, é necessário também tomar medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial, conhecidos como anti-hipertensores. Estes não curam a doença, mas controlam os valores da pressão arterial, requerendo uma administração crónica. Geralmente, a medicação é introduzida em doses baixas, que podem ser aumentadas gradualmente, se necessário. Caso os valores não se mantenham controlados, um segundo ou terceiro fármaco pode ser adicionado. 

Como a hipertensão é uma doença crónica, o uso dos anti-hipertensores necessita ser cuidadosamente monitorizado ao longo do tempo. Nunca altere a dose do seu medicamento ou pare de tomá-lo sem indicação de um profissional de saúde.  Uma interrupção intermitente ou abrupta da terapêutica pode resultar num agravamento da situação clínica. 

Onde posso medir a pressão arterial?

A medição da pressão arterial pode ser efetuada no consultório médico, na farmácia e no seu domicílio. 

A medição da pressão arterial nas farmácias, além do fácil acesso, permite que receba um acompanhamento individualizado pelo seu farmacêutico, assegurando-se que são cumpridos os requisitos para uma medição e interpretação correta dos valores obtidos. O farmacêutico pode igualmente proporcionar-lhe aconselhamento acerca de como efetuar corretamente a medição da pressão arterial no domicílio, esclarecer dúvidas sobre a sua medicação e indicar-lhe medidas não farmacológicas que auxiliem no controlo da mesma.

A automedição no domicílio, por sua vez, permite a obtenção de um maior número de medidas da pressão arterial em diferentes momentos do dia, apresentando-se como um método económico e cómodo. A medição domiciliária permite também que o utente tenha um papel ativo no acompanhamento da sua pressão arterial, fornecendo dados complementares que poderão ser úteis para o médico avaliar o progresso da doença. 

Os aparelhos automáticos são os instrumentos de eleição para a automedição, pela sua precisão e facilidade de uso, podendo ser facilmente adquiridos nas farmácias. Devem ser utilizados aparelhos validados, que meçam a pressão arterial no braço, com uma braçadeira de tamanho adequado, de acordo com o diâmetro do braço. Idealmente, deverão ainda possuir capacidade de registar um número considerável de medições. Devem ser evitados dispositivos que determinem a pressão arterial nos dedos e nos punhos. Informe-se junto do seu farmacêutico sobre qual o aparelho mais apropriado para si. 

Como é medida a pressão arterial? 

A pressão arterial é usualmente medida com recurso a um aparelho com monitor eletrónico. Este é conectado a uma braçadeira insuflável, que é enrolada na parte superior do braço. Uma máquina ou uma pequena bomba é usada para insuflar a braçadeira.

Na primeira vez que a pressão arterial é lida, esta deve ser medida em ambos os braços, para verificar se existem diferenças. Após esta dupla medição, deverá ser considerada a leitura do braço que apresentou um valor superior, passando a ser este o utilizado para as próximas medições.

Para uma correta medição da pressão arterial, independentemente de ser realizada em ambiente clínico ou no domicílio, deverão ser cumpridos alguns requisitos, nomeadamente:
    • A medição deve ser feita num ambiente tranquilo e confortável;
    • A pessoa deve repousar confortavelmente durante 5 minutos antes da medição;
    • Nos 30 minutos prévios à medição, não deverá ter fumado, comido, ingerido café, chá ou bebidas alcoólicas, nem deverá ter efetuado exercício físico;
    • A medição deverá ser feita antes da toma de medicação anti-hipertensora e deverá ser evitada a toma prévia de outros medicamentos que possam ter efeito na pressão arterial, incluindo gotas nasais e colírios;
    • É conveniente urinar antes da realização da medição;
    • A braçadeira deverá ter o tamanho adequado e ser colocada de forma correta. Isto é importante, uma vez que uma braçadeira pequena dará valores de pressão mais altos, e uma braçadeira grande demais valores mais baixos que os reais;
    • Durante a medição, a pessoa deverá permanecer sentada, com as costas e o braço apoiados, com ambos os pés assentes no chão (não cruzar as pernas) e em silêncio;
    • A roupa não deverá apertar o braço;
    • Em cada avaliação da pressão arterial, devem ser feitas duas medições, com 1 a 2 minutos de intervalo;
    • Os resultados devem ser anotados imediatamente após cada medição, se o aparelho não tiver função de memória.
A medição da pressão arterial deverá ser realizada com a frequência indicada pelo médico, de acordo com a situação clínica de cada pessoa. No que concerne ao horário em que a medição é feita, este também poderá ser relevante, especialmente quando se pretende conhecer o padrão da variação da pressão arterial ao longo do dia em resposta à terapêutica ou atividade individual.

O que fazer perante uma elevação súbita da pressão arterial?

A elevação repentina e significativa da pressão arterial é uma situação clínica que requer especial atenção. A sua gravidade está sobretudo associada à intensidade e rapidez do aumento da pressão arterial. Se verificar um valor consideravelmente superior ao normal, aguarde uns minutos e meça novamente a sua pressão arterial. Caso o valor se mantenha e não tenha qualquer sintoma, marque uma consulta com maior brevidade possível.

Caso apresente sintomas como dor no peito, falta de ar, alterações na visão ou dificuldade em falar, dirija-se ao Serviço de Urgência

As crianças também têm hipertensão? 

Sim. Aliás, a hipertensão arterial nas crianças tem registado um aumento preocupante, em grande parte atribuído à obesidade. Esta condição está muitas vezes relacionada com um estilo de vida menos saudável, caracterizado por uma alimentação pouco diversificada e rica em gorduras, além do aumento do sedentarismo, devido aos longos períodos em frente à televisão ou ao computador.

A pressão arterial deve ser avaliada nas crianças a partir dos 3 anos de idade, salvo em alguns grupos de risco, que tenham indicação para que esta seja realizada mais cedo.

Como posso prevenir a hipertensão arterial?

A adoção de um estilo de vida saudável poderá ajudá-lo a prevenir a hipertensão. Algumas medidas importantes incluem:
  • Alimentação saudável. Deverá limitar o consumo de sal, optar por refeições com um baixo teor em gorduras, e privilegiar o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais.
  • Exercício físico regular. Pode ajudá-lo a manter um peso saudável e diminuir a pressão arterial. É recomendada a prática de exercícios aeróbicos, como caminhadas, natação, ou andar de bicicleta. Deverá realizar entre 30-45 minutos por dia, no mínimo 5 dias por semana, de atividade aeróbica de intensidade moderada. Esta atividade deve ser instaurada de forma gradual e adaptada às características e risco cardiovascular de cada pessoa.
  • Manutenção de um peso corporal adequado. O excesso de peso e a obesidade aumentam o risco de hipertensão. Manter um peso saudável pode ajudá-lo a controlar a sua pressão arterial, além de reduzir o risco de outros problemas de saúde.
  • Limitar o consumo de álcool. Por exemplo, a um copo de vinho tinto à refeição.
  • Cessar o consumo de tabaco. Fumar danifica os seus vasos sanguíneos e aumenta significativamente o risco, não só de hipertensão, mas também de doenças cardíacas, como enfarte.
  • Controlar o stress. Permite reduzir a pressão arterial, melhorando não só a sua saúde física, mas mental. Algumas técnicas que poderão ser úteis para o controlo do stress incluem a prática de exercício físico, ouvir música, concentrar-se em algo que lhe transmita calma, ou meditar.
  • Sono adequado. Ter uma higiene do sono adequada é importante para a saúde em geral. Não dormir horas suficientes regularmente está associado a um risco aumentado de doenças como hipertensão e acidente vascular cerebral.
  • Realizar medições periódicas junto de um profissional de saúde.
  • Fazer uma gestão adequada de outras condições médicas de que padeça.

Partilhe este artigo nas redes sociais! Aceda aqui ao material disponível.