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Ondas de calor – Saiba como se proteger dos seus riscos

  • cidadao-promoção-saúde
04 Agosto 2025
Ondas de calor – Saiba como se proteger dos seus riscos

As alterações climáticas estão a causar um aumento da temperatura média do nosso planeta e da frequência de fenómenos extremos de calor, denominados ondas de calor.

Uma onda de calor consiste num período prolongado em que ocorrem temperaturas máximas e mínimas anormalmente elevadas para a época, numa determinada região.

As ondas de calor são cada vez mais uma ameaça para as populações pelos seus efeitos negativos sobre a saúde, especialmente das pessoas mais vulneráveis.

Como é que o calor excessivo afeta a saúde?

O corpo humano precisa de manter a sua temperatura dentro de um intervalo muito estreito, de cerca de 37°C, para garantir o funcionamento correto de todos os órgãos. Quando o organismo é exposto a temperaturas elevadas, o cérebro desencadeia diversas ações para facilitar o arrefecimento. As principais formas de o fazer são a dilatação dos vasos sanguíneos da pele, o que vai libertar calor, e a transpiração. A evaporação do suor vai ajudar a dissipar o calor; porém, se o ar tiver níveis elevados de humidade no ar, a evaporação vai ser lenta e torna-se mais difícil libertar calor.

Assim, quando a temperatura ambiente é muito elevada, torna-se mais difícil para o organismo regular a sua temperatura interna e podem surgir doenças relacionadas com o calor. Algumas são comuns e sem gravidade, como inchaço nos membros inferiores, cãibras ou o aparecimento de erupções na pele, mas outras podem causar complicações de saúde graves.

O aumento da produção de suor pode contribuir para a desidratação, que consiste numa perda excessiva de líquidos e sais minerais necessários ao organismo. Os seus sintomas incluem:

  • Sede intensa;
  • Cansaço;
  • Cãibras;
  • Vertigens.
Situações que pode ter consequências mais sérias são a exaustão por calor e o golpe de calor, que pode ser fatal. Ocorrem em pessoas frágeis, durante ondas de calor, ou em pessoas saudáveis que fazem esforços físicos ao ar livre em dias muito quentes.

As pessoas afetadas podem sentir:

  • Fraqueza;
  • Tonturas;
  • Dores de cabeça;
  • Náuseas e, às vezes, vómitos;
  • Diminuição da tensão arterial e aumento do ritmo cardíaco;
  • Desmaio;
  • Confusão mental e convulsões, em casos mais graves.

Além das situações já referidas, os doentes crónicos podem experimentar um agravamento da sua doença devido à exposição ao calor excessivo. Estão especialmente em risco as pessoas com doenças cardíacas, respiratórias e renais.

Quais são as pessoas em maior risco durante uma onda de calor?

As temperaturas excessivas podem afetar toda a população. Contudo, o impacto pode ser mais sério nas pessoas idosas, nas crianças mais jovens, em pessoas que têm doenças crónicas e nas grávidas.

As pessoas idosas são particularmente suscetíveis às ondas de calor, pois, devido ao envelhecimento, o seu organismo tem maior dificuldade em se adaptar a temperaturas elevadas e menor capacidade de sentir sede. Além disso, é mais provável que sofram de doenças crónicas que aumentem os riscos para a saúde causados pelas ondas de calor.

Pessoas que tenham limitações físicas ou sociais são também mais vulneráveis aos efeitos do calor excessivo. Estas situações incluem:

  • Dificuldades de mobilidade, como é caso de pessoas que estão acamadas ou confinadas à sua casa;
  • Dependência, com necessidade de apoio para as atividades do dia-a-dia;
  • Dificuldades socioeconómicas;
  • Viver sozinho;
  • Isolamento social, sem apoio de familiares ou amigos;
  • Habitar em condições precárias;
  • Residir em zonas urbanas, em últimos andares e sem ar condicionado;
  • Trabalhar ao ar livre.

As pessoas que tenham vários destes fatores em simultâneo encontram-se em maior risco.

Como é que as doenças crónicas agravam os efeitos das ondas de calor?

Certas doenças crónicas afetam alguns dos mecanismos que o organismo utiliza para reagir ao calor excessivo. Incluem:

  • Doenças cardiovasculares;
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Doenças neurológicas ou psiquiátricas;
  • Doenças respiratórias;
  • Doenças renais;
  • Abuso de substâncias psicoativas e álcool.

Além destas doenças aumentarem o risco de efeitos adversos causados pelo calor, muitas delas são tratadas com medicamentos que, devido aos seus efeitos no organismo, também podem interferir com a regulação da temperatura do corpo.

Quais os medicamentos que podem influenciar o risco das ondas de calor?

Os medicamentos não são, geralmente, o principal fator de risco para o desenvolvimento de efeitos nocivos devido ao calor ambiental excessivo. Porém, podem contribuir para potenciar estes efeitos, particularmente se não forem utilizados de acordo com as indicações do médico ou do farmacêutico.

Os medicamentos que apresentam maior risco são os que vão interferir com os mecanismos de resposta do organismo ou agravar as consequências das temperaturas elevadas. Alguns aumentam o risco de doenças relacionadas com o calor de várias formas diferentes em simultâneo.

Entre os principais implicados incluem-se:

  • Medicamentos que podem aumentar a temperatura corporal – p. ex. hormonas da tiroide, lítio e medicamentos estimulantes do sistema nervoso central;
  • Medicamentos que alteram a resposta do organismo ao aumento da temperatura – p. ex. medicamentos para tratamento da depressão ou de outras doenças mentais, medicamentos para tratamento da hipertensão e da enxaqueca;
  • Medicamentos que aumentam o risco de desidratação ou de alterações nos níveis de sais minerais do organismo – p. ex. os diuréticos e os laxantes;
  • Medicamentos que interferem com o funcionamento dos rins – p. ex. os anti-inflamatórios não esteroides, alguns antibióticos e medicamentos para tratamento da hipertensão;
  • Medicamentos que diminuem a produção de suor – p. ex. medicamentos antidepressores, antialérgicos, antiepiléticos, para prevenção de enxaquecas, tratamento da doença de Parkinson e da incontinência urinária;
  • Medicamentos que podem causar diminuição da tensão arterial ou outros efeitos cardiovasculares – p. ex. medicamentos para doenças cardíacas e hipertensão, antiepiléticos e outros medicamentos psiquiátricos e neurológicos.

Medicamentos que causem sonolência ou diminuição das capacidades cognitivas podem diminuir a perceção e a capacidade de se proteger do calor. São exemplos alguns medicamentos psiquiátricos, como as benzodiazepinas, e os analgésicos opioides.

Por outro lado, o risco de toxicidade de alguns medicamentos aumenta durante as ondas de calor. Estas podem causar desidratação, o que pode interferir com o funcionamento dos rins. É através destes que diversos medicamentos são eliminados pelo corpo apos exercerem os seus efeitos. Caso os rins deixem de funcionar corretamente, alguns medicamentos podem acumular-se no organismo e causar toxicidade.

Alguns exemplos são:

  • Medicamentos para tratamento da diabetes;
  • Medicamentos para tratamento da hipertensão;
  • Medicamentos para tratamento de arritmias;
  • Medicamentos anticoagulantes orais;
  • Medicamentos antiepiléticos;
  • Medicamentos psiquiátricos, como o lítio.

Os efeitos de medicamentos que são aplicados na forma de sistemas transdérmicos, que são absorvidos através da pele, também podem ser aumentados pelo calor. Se utilizar sistemas transdérmicos deve evitar expor-se ao sol, tentar manter-se o mais fresco possível e estar atento a possíveis sintomas de toxicidade.

Como posso proteger-me durante uma onda de calor?

É muito importante conhecer as estratégias que pode utilizar para reduzir os riscos das temperaturas elevadas e os sintomas das doenças relacionadas com o calor. Deverá estar atento ao desenvolvimento de febre, fraqueza, cansaço, náuseas, tonturas, dores de cabeça, excesso ou ausência de transpiração, sede, dores musculares e confusão. Qualquer destes sintomas, especialmente em idosos, crianças e pessoas com doenças crónicas, deverá ser reportado ao médico ou ao farmacêutico.

As principais medidas de proteção face a uma onda de calor são:

  • Beber muitos líquidos – de preferência água ou sumos de fruta natural. A sua ingestão deve ser frequente, mesmo que não sinta sede;
  • Não ingerir bebidas alcoólicas, pois estas contribuem para a desidratação e prejudicam o controlo da temperatura corporal;
  • Optar por consumir preferencialmente alimentos frescos com elevado teor de água;
  • Evitar sair à rua e expor-se ao sol durante os períodos mais quentes do dia;
  • Limitar a atividade física:
  • Vestir roupas leves e largas, de cores claras e em fibras naturais;
  • Tomar duches frescos ou aplicar panos húmidos;
  • Tentar manter um ambiente fresco no seu domicílio – é útil manter as janelas e cortinas fechadas durante o dia e abri-las à noite e no início da manhã e desligar luzes e aparelhos elétricos que sejam desnecessários;
  • Se não conseguir manter-se fresco na sua casa, poderá aceder a áreas com ar condicionado, como superfícies comerciais;
  • Manter contacto frequente com familiares, cuidadores ou amigos.


Quais as medidas que posso tomar acerca dos meus medicamentos?

  • É importante que continue a tomar os seus medicamentos da forma como lhe foram prescritos pelo seu médico, ou aconselhados pelo seu farmacêutico;
  • Ler atentamente o folheto informativo dos seus medicamentos pode permitir verificar se existem precauções especiais na presença de temperaturas elevadas;
  • Não deverá tomar qualquer novo medicamento sem a orientação de um médico ou farmacêutico, mesmo aqueles que não são sujeitos a receita médica – o mesmo se aplica aos suplementos alimentares e produtos à base de plantas; 
  • Caso sinta alguma alteração no seu estado de saúde deverá consultar o seu médico, mas sem interromper o tratamento, pois isto poderá agravar a sua situação. O médico irá verificar o seu estado de saúde e se são necessários ajustes à sua medicação.

Como é que o meu farmacêutico me pode ajudar durante uma onda de calor?

O seu farmacêutico pode proporcionar-lhe um apoio valioso durante ondas de calor, em aspetos como:

Informar acerca dos riscos das ondas de calor e das medidas para prevenir os seus efeitos danosos para a saúde;

Rever a sua medicação e, de acordo com os medicamentos que toma, prestar as melhores orientações para garantir um uso seguro;

Aconselhar sobre a forma correta de armazenar os seus medicamentos para que se mantenham nas melhores condições de conservação, especialmente dos que podem sofrer alterações mais facilmente, como é o caso de cremes, pomadas, supositórios ou óvulos vaginais, e de como proceder se notar alterações no seu aspeto;

Orientar acerca de como transportar os seus medicamentos durante ondas de calor – preferencialmente em sacos isotérmicos, e refrigerados com acumuladores de frio no caso de medicamentos que requerem conservação no frigorífico.