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Que precauções aconselhar para o uso correto dos descongestionantes nasais?

  • Breves Questões Terapêuticas
27 Junho 2022
Que precauções aconselhar para o uso correto dos descongestionantes nasais?
 
  • Os descongestionantes nasais devem ser usados com precaução para evitar possíveis reações adversas, mais comuns no caso da administração sistémica e em pessoas com certas patologias. As agências reguladoras consideraram não existir suficiente consciencialização e informação sobre estes riscos.
  • Na utilização de descongestionantes nasais tópicos não exceder a dose nem a duração do tratamento recomendadas, de modo a evitar o surgimento de congestão de rebound e de rinite medicamentosa.

Os descongestionantes nasais (DN) contêm fármacos simpaticomimeticos,1-3 que atuam principalmente nos recetores α-adrenérgicos causando vasoconstrição, diminuindo assim o edema da mucosa nasal.1,2,4 Estão disponíveis em formulações orais ou tópicas,4 (inaladores, gotas ou sprays)1 sendo também incluídos em medicamentos com associações de vários fármacos.2 Os DN de administração nasal incluem fármacos de ação curta, como efedrina, nafazolina, fenilefrina, e de ação mais prolongada, como oximetazolina e xilometazolina. Os administrados por via oral, fenilefrina e pseudoefedrina,2,4têm um início de ação mais lento e apresentam um maior risco de efeitos adversos sistémicos.4 Os DN são relativamente seguros, quando corretamente utilizados,5 mas devem ser usados com precaução por possíveis reações adversas cardíacas (elevação da pressão arterial, palpitações, taquicardia) e/ou neurológicas (agitação, insónia, ansiedade, alucinações). Estas são mais comuns com os DN orais do que com os tópicos,2-4 uma vez que estes têm limitada absorção sistémica.3 Muitas vezes as reações adversas ocorrem como resultado da utilização prolongada, sobredosagem ou a não observação das contraindicações.3 Na aplicação nasal, os DN podem causar desconforto transitório com ardor, irritação, espirros ou secura da mucosa nasal.4 Também podem estar associados a efeitos  sistémicos, especialmente nas crianças, ou com doses excessivas.3 Em ocasiões podem surgir hemorragias nasais, agitação, insónia e um menor controlo da pressão arterial em pessoas hipertensas.6

Os DN podem exacerbar condições sensíveis à estimulação adrenérgica, como a doença arterial coronária, a hipertensão ou a cardiopatia isquémica.2 Os DN orais estão contraindicados em hipertensão grave, alterações da frequência cardíaca, doença cardíaca isquémica e história de doença cerebrovascular.3 Os DN devem ser utilizados com precaução em pessoas com doença cardíaca, hipertensão, hipertiroidismo, diabetes, hiperplasia da próstata e glaucoma, devendo só ser utilizados só após uma cuidadosa avaliação do risco-benefício.1,2,6,7 Ter em atenção as possíveis interações. Por exemplo, não devem ser usados durante o tratamento com inibidores da monoamina oxidase2,4,5 ou durante duas semanas após a sua interrupção, pelo risco de crise hipertensiva.5Recomenda-se a consulta dos respetivos RCM.

Ocasionalmente e de forma paradoxal, o uso prolongado de DN tópicos pode ser causa de congestão nasal, a denominada rinite medicamentosa.3,5 Na paragem do tratamento, pode surgir congestão de rebound1,3 devida a vasodilatação secundaria, com subsequente aumento temporário da congestão.1 Este, por sua vez, pode levar a um maior uso do DN (aumento da dose ou  intervalos entre aplicações encurtados)3,5 conduzindo a um ciclo vicioso de eventos.1  Os utilizadores devem ser alertados para não exceder a dosagem recomendada e evitar o uso prolongado.6 A utilização deve limitar-se, geralmente, a 3 a 5 dias.2,3,6

Para diminuir o risco de reações adversas devem ser respeitadas as recomendações de cada medicamento relativamente à posologia, duração de tratamento, modo de administração e precauções de utilização.2 Para alívio dos sintomas de congestão, os farmacêuticos podem sugerir medidas não farmacológicas, incluindo o uso de soluções salinas e de humidificadores, a manutenção de uma hidratação adequada ou a elevação da cabeceira da cama.3 


Referências bibliográficas

1. British National Formulary Nº 76. London, BMJ Group and Pharmaceutical Press, 2018.
2. Terrie YC. A Guide to the Proper Use of Nonprescription Decongestant Products. Pharmacy Times 2018; 84 (11). [acedido a 12-03-22] Disponível em: https://www.pharmacytimes.com/view/a-guide-to-the-proper-use-of-nonprescription-decongestant-products
3. Vasoconstricteurs en cas de congestion nasale. Folia Pharmacotherapeutica 2013 [acedido a 12-03-22]; 40(9): 74-76. Disponível em:
https://www.cbip.be/folia_pdfs/FR/P40F10.pdf
4. International Pharmaceutical Federation. Cold, flu and sinusitis: Managing symptoms and supporting self-care. A handbook for pharmacists. The Hague: International Pharmaceutical Federation; 2021 [acedido a 12-03-22] Disponível em:
https://www.fip.org/file/5089
5. Safe Use of Nasal Decongestants - Medscape - Jul 15, 2004. [acedido a 12-03-22] Disponível em:
https://www.medscape.com/viewarticle/484014
6. Sexton DJ, McClain MT. The common cold in adults: Treatment and prevention. UpToDate®, Topic last updated: Mar 24, 2022.
7. Andrés NF. Consulta de indicación farmacéutica: actuación del farmacéutico en la resolución de los trastornos leves de salud. Cofano, 2006. 

 
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