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Infeção por Mpox (Monkeypox)
A infeção por mpox é uma doença zoonótica causada por um vírus do género Orthopoxvirus, o mesmo género do vírus da varíola humana. Após a sua erradicação, a infeção por Orthopoxvirus tornou-se mais prevalente em humanos, particularmente em países da zona central e ocidental de África.
ATUALIZAÇÕES AGOSTO 2024 |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e, especificamente na região europeia, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), mantêm estreita vigilância sobre a situação epidemiológica da infeção pelo vírus Mpox, anteriormente designado vírus Monkeypox. Com exceção de um ligeiro aumento em alguns países, o número de casos notificados na Europa tem-se mantido estável, tendência que também se verifica em Portugal. De acordo com os dados recolhidos pela OMS, desde janeiro de 2022 até junho de 2024 foram reportados em Portugal 1193 casos de infeção pelo vírus mpox; entre 01/06/2023 e 31/07/2024, foram notificados no sistema nacional de vigilância epidemiológica – SINAVE, 244 casos confirmados.
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A maioria dos surtos de infeção por mpox reportados tem ocorrido em zonas endémicas. Os casos reportados em países não endémicos estão geralmente relacionados com infeção de viajantes provenientes de países endémicos.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) considera que, com base nos dados atuais e na tendência decrescente no número de novas infeções, o risco global de infeção pelo vírus mpox é moderado em homens que praticam sexo com homens e baixo na população em geral. É expectável que a gravidade da infeção seja superior em crianças muito novas, grávidas, ou indivíduos imunocomprometidos.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) considera que, com base nos dados atuais e na tendência decrescente no número de novas infeções, o risco global de infeção pelo vírus mpox é moderado em homens que praticam sexo com homens e baixo na população em geral. É expectável que a gravidade da infeção seja superior em crianças muito novas, grávidas, ou indivíduos imunocomprometidos.
Os farmacêuticos devem encaminhar os utentes com sintomas compatíveis com um caso de infeção por mpox para avaliação médica, recomendar o contacto com as autoridades de saúde e que sejam evitados contactos com outras pessoas, de modo a quebrar uma eventual cadeia de contágio. |
TRANSMISSÃO
O vírus é transmitido aos humanos através de uma mordedura ou por contacto direto com o sangue, carne, fluidos corporais ou lesões mucosas ou cutâneas de um animal infetado.
A infeção por mpox não se transmite facilmente entre humanos.
A infeção por mpox não se transmite facilmente entre humanos.
VIAS DE TRANSMISSÃO |
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O período infecioso inicia-se com o aparecimento da erupção cutânea; considera-se, contudo, que a transmissão também é possível durante o pródromo.
Apesar de existir pouca informação acerca da possibilidade de espécies europeias de mamíferos poderem ser hospedeiros deste vírus, é teoricamente possível a transmissão de humanos para animais de estimação, com algumas espécies de roedores a constituírem, provavelmente, hospedeiros adequados. Os indivíduos afetados devem evitar o contacto com animais de estimação mamíferos, especialmente roedores. As autoridades de saúde podem considerar necessário o isolamento e quarentena de animais de estimação que tenham sido expostos, ou que estejam em risco de exposição.
SINTOMATOLOGIA
As manifestações dos casos relacionados com viagens em países não endémicos são geralmente ligeiras e autolimitadas. Após um período de incubação de 6-13 dias, mas que pode chegar aos 21 dias, os sintomas iniciais (pródromo) da infeção por mpox consistem em febre, mialgia, fadiga e cefaleias.
No intervalo de três dias após o seu aparecimento surge no local da infeção primária uma erupção maculopapular centrífuga, que rapidamente se dissemina para outras zonas corporais, sendo caraterístico o envolvimento da face, das palmas das mãos e das plantas dos pés. As lesões tornam-se vesiculares e progridem todas simultaneamente no mesmo estádio, podendo ser muito pruriginosas e afetarem a mucosa oral ou oftálmica. Antes e durante a ocorrência da erupção cutânea é também frequentemente observada linfadenopatia (geralmente ausente em casos de varíola ou varicela).
No âmbito do presente surto, as caraterísticas clínicas da infeção têm apresentado algumas diferenças. O período de incubação tem sido de 7-8 dias, com descrição de períodos ainda mais curtos (2-4 dias). Os sintomas prodrómicos podem estar ausentes em quase metade dos casos. A maioria apresenta-se com uma erupção na região anogenital e linfadenopatia inguinal; em alguns casos, o número de lesões é bastante reduzido. Algumas situações manifestam-se com sintomatologia retal, oral ou faríngea. A gravidade da doença pode variar, dependendo da via de transmissão, suscetibilidade individual e carga viral inoculada.
Entre as possíveis complicações da infeção por mpox em zonas endémicas incluem-se infeções bacterianas secundárias, broncopneumonia, sépsis, encefalite e infeção da córnea com consequente perda de visão.
As complicações graves reportadas no surto atual têm sido raras, incluindo epiglotite, miocardite e encefalite, com casos fatais esporádicos.
DIAGNÓSTICO
Qualquer caso suspeito – presença de erupção inexplicada em qualquer zona corporal, conjuntamente com a presença de um ou mais sintomas como febre (geralmente >38.5°C), cefaleias, dores nas costas, mialgia, fadiga ou linfadenopatia – deve contactar as autoridades de saúde.
O diagnóstico é estabelecido mediante teste PCR (polymerase chain reaction) de material proveniente das lesões cutâneas, podendo ser confirmado por determinação da sequência de nucleótidos do vírus.
O diagnóstico é estabelecido mediante teste PCR (polymerase chain reaction) de material proveniente das lesões cutâneas, podendo ser confirmado por determinação da sequência de nucleótidos do vírus.
Após a avaliação médica, os indivíduos afetados deverão seguir as recomendações das autoridades de saúde, nomeadamente evitando contactos físicos diretos até à cura das lesões e a partilha de objetos e utensílios domésticos.
Os contactos próximos de casos confirmados deverão fazer a monitorização da temperatura e de outros sintomas durante 21 dias após a sua última exposição e evitar contactos físicos próximos durante este período.
TRATAMENTO
O tratamento consiste no alívio sintomático, p. ex. da febre ou do prurido, e na prevenção ou tratamento de complicações, como a desidratação ou infeções bacterianas secundárias.
Casos graves podem ser tratados com antivíricos, entre os quais se incluem o tecovirimat, o brincidofovir e o cidofovir. Da terapêutica indicada, apenas o tecovirimat tem aprovação na União Europeia para tratamento de infeções por Orthopoxvirus, nomeadamente varíola, infeção por mpox e varíola bovina. Contudo, não está disponível em Portugal.
Casos graves podem ser tratados com antivíricos, entre os quais se incluem o tecovirimat, o brincidofovir e o cidofovir. Da terapêutica indicada, apenas o tecovirimat tem aprovação na União Europeia para tratamento de infeções por Orthopoxvirus, nomeadamente varíola, infeção por mpox e varíola bovina. Contudo, não está disponível em Portugal.
PREVENÇÃO
A vacinação prévia contra a varíola humana pode conferir proteção cruzada contra a infeção por mpox, uma vez que ambos os vírus são espécies pertencentes ao mesmo género. Devido à erradicação desta doença e descontinuação dos programas de vacinação, esta proteção só se verifica na população europeia com idade superior a 50 anos.
Com o objetivo de mitigar a propagação do surto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) implementou uma estratégia de vacinação contra o vírus mpox, com recurso a uma vacina contra a varíola aprovada na União Europeia (Vacina de vírus Vaccinia Ankara, modificado vivo – MVA-BN), também autorizada para prevenção de infeção humana por vírus mpox e Vaccinia.
Esta estratégia preconiza a imunização de grupos em risco acrescido de contrair a infeção, bem como a vacinação pós-exposição de contatos de casos de infeção humana por mpox, de acordo com critérios definidos em Norma própria (ver infra).
Com o objetivo de mitigar a propagação do surto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) implementou uma estratégia de vacinação contra o vírus mpox, com recurso a uma vacina contra a varíola aprovada na União Europeia (Vacina de vírus Vaccinia Ankara, modificado vivo – MVA-BN), também autorizada para prevenção de infeção humana por vírus mpox e Vaccinia.
Esta estratégia preconiza a imunização de grupos em risco acrescido de contrair a infeção, bem como a vacinação pós-exposição de contatos de casos de infeção humana por mpox, de acordo com critérios definidos em Norma própria (ver infra).
MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO |
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MAIS INFORMAÇÃO
Mpox (Monkeypox). European Centre for Disease Prevention and Control.
www.ecdc.europa.eu/en/monkeypox
Mpox (monkeypox). World Health Organization.
https://www.who.int/health-topics/monkeypox#tab=tab_1
Mpox (monkeypox). World Health Organization.
https://www.who.int/health-topics/monkeypox#tab=tab_1
Mpox. Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
https://www.cdc.gov/poxvirus/mpox/index.html
Infeção humana por vírus Monkeypox – Perguntas frequentes e Infografia
Abordagem de casos de infeção humana por vírus Monkeypox (VMPX). Orientação nº 004/2022 de 31/05/2022, atualizada a 08/03/2024
https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/orientacoes-e-circulares-informativas/orientacao-0042022-de-31052022-atualizada-a-08032024-pdf.aspx
Informação n.º 003/2022 de 17/06/2020. Comunicação, medidas preventivas e o envolvimento da comunidade no surto por vírus Monkeypox
https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/informacoes/informacao-n-0032022-de-17062022-pdf.aspx
Vacinação contra a infeção humana por vírus mpox: atualização de Norma. Norma nº 006/2022 de 12/07/2022, atualizada a 08/03/2024
Informação n.º 003/2022 de 17/06/2020. Comunicação, medidas preventivas e o envolvimento da comunidade no surto por vírus Monkeypox
https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/informacoes/informacao-n-0032022-de-17062022-pdf.aspx