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O que são medicamentos manipulados?
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A manipulação de medicamentos é definida como um processo que engloba um conjunto de operações de carácter técnico, que consistem na elaboração de uma forma farmacêutica – medicamento manipulado, a sua embalagem e o seu controlo de qualidade, de acordo com legislação específica de forma a garantir a qualidade, segurança e eficácia de todos os medicamentos preparados.
Os medicamentos manipulados podem ser classificados como preparados oficinais ou fórmulas magistrais. A sua preparação e dispensa compete às farmácias comunitárias ou aos serviços farmacêuticos hospitalares, sob a responsabilidade de um farmacêutico.
Um preparado oficinal consiste em qualquer medicamento preparado de acordo com as indicações de uma farmacopeia ou de um formulário, numa farmácia comunitária ou serviço farmacêutico hospitalar, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço.
Por outro lado, as fórmulas magistrais são medicamentos manipulados numa farmácia ou nos serviços farmacêuticos de um hospital segundo uma receita médica específica para um determinado doente. Este tipo de medicamento deve ser prescrito por um médico.
Os medicamentos manipulados permitem, assim, atender às necessidades de medicamentos que não são comercializados pela indústria farmacêutica.
Em que situações são prescritas as fórmulas magistrais?
A formulação magistral permite individualizar a medicação para cada doente, de acordo com cada situação em particular. As necessidades de manipulação podem surgir por vários motivos, incluindo:
- Necessidade de ajuste de dose. Possibilidade de uma dose de medicamento ser ajustada às necessidades específicas de uma pessoa, como é o caso particular das crianças;
- Associação de substâncias ativas. Necessidade de combinar diversas substâncias ativas numa mesma formulação, permitindo facilitar o tratamento e melhorar o seu cumprimento pelo utente;
- A forma de administração requerida não se encontra disponível. Alteração da forma farmacêutica para outra que facilite a sua toma. Por exemplo, preparação de um medicamento que só está comercializado em comprimidos sob a forma de um xarope, por forma a permitir a sua administração a crianças ou adultos com dificuldade em deglutir;
- Possibilidade de retirar algum componente. Eliminação de algum excipiente que faça parte da composição de determinado medicamento comercializado que possa estar a causar alergia ou intolerância ao doente, impedindo a sua toma;
- Necessidade de adaptar as características organolépticas. Isto é, alterar o sabor e/ou aroma de um medicamento para promover a adesão ao tratamento, atendendo às preferências individuais de cada pessoa.
Que tipos de fórmulas magistrais existem?
As fórmulas magistrais podem ser categorizadas em dois tipos principais: preparações estéreis e não estéreis.
PREPARAÇÕES ESTÉREIS
São preparações manipuladas sob rigorosas condições asséticas de forma a garantir a segurança do seu uso em áreas sensíveis do corpo. Estes tipos de formulações incluem as soluções injetáveis, medicamentos oftálmicos ou os inaladores, e são, por norma, preparados nos serviços farmacêuticos hospitalares, uma vez que dispõem das instalações e equipamentos apropriados para garantir as condições de esterilidade necessárias.
PREPARAÇÕES NÃO ESTÉREIS
São manipulados num ambiente limpo e controlado, mas não sob condições estritas de esterilidade. Este tipo de formulações pode destinar-se a aplicação externa ou ingestão oral, e assumir diversas formas, como por exemplo, cremes, pomadas, loções, cápsulas, papéis medicamentosos ou formulações líquidas orais.
Como ocorre o processo de formulação magistral dos medicamentos?
Após a consulta, o seu médico irá prescrever qual a substância ativa que deve compor o medicamento que será manipulado, assim como a sua concentração, quantidade, forma farmacêutica, via de administração e posologia.
Em seguida, a prescrição deverá ser entregue pelo utente na farmácia (ou nos serviços farmacêuticos hospitalares quando aplicável) para que a mesma possa ser preparada pelo farmacêutico.
Para garantir a qualidade e segurança no processo de manipulação, o seu farmacêutico trabalha de acordo com a aplicação dos princípios das boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, num ambiente adequado sob condições controladas. É seguida rigorosamente uma ficha de preparação do medicamento, onde se encontram descritas em detalhe todas as informações necessárias à sua preparação. Essa ficha, além dos passos a seguir para a elaboração do preparado magistral, contém ainda outras informações relevantes, como a data de produção e validade, número de registo, ensaios de qualidade realizados e a aceitação ou rejeição final do produto.
Quaisquer dúvidas que possam surgir relativamente às fórmulas magistrais deverão ser sempre esclarecidas diretamente com o seu médico ou farmacêutico.
