Existe evidência de que as estatinas aumentam modestamente o risco de novos diagnósticos de diabetes mellitus. Este aumento parece ocorrer principalmente em pessoas com fatores de risco pré-existentes para a diabetes. Os benefícios cardiovasculares obtidos com a terapêutica com estatinas superam o aumento ligeiro no risco de desenvolvimento de diabetes.

A terapêutica com estatinas tem um papel fundamental na prevenção cardiovascular na população geral, bem como em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 (DM2).¹

Os dados indicam que as estatinas podem ter efeitos no metabolismo da glicose, o que pode influenciar o desenvolvimento de DM2 em pessoas sem diabetes,^2,3 ou afetar o controle glicémico em pessoas com diabetes.³ Dados de ensaios clínicos aleatorizados e de grandes estudos observacionais indicam um modesto aumento do risco de surgimento de DM2 após o início de algumas estatinas.^1,2,4-6 Tem sido relatado aumento na hemoglobina glicosilada (HbA1c) e nas glicemias em jejum^3,6 que, em alguns casos, podem ultrapassar o limiar de diagnóstico de diabetes.³ Os mecanismos precisos ainda não são bem compreendidos.^1,4,5

A maior incidência de DM2 durante o tratamento com estatinas normalmente reflete pessoas já com múltiplos fatores de risco para diabetes preexistentes,^1,5 que progridem mais cedo para o estado diabético. Uma interpretação é que a terapêutica simplesmente aceleraria o início da DM2 naqueles que a iriam desenvolver, como as pessoas com pré-diabetes ou com características clínicas associadas a maior risco de diabetes (por ex., síndrome metabólica).

Em pessoas com DM2, o aumento médio da HbA1c com o início da terapia com estatinas é pequeno e, portanto, geralmente tem um significado clínico limitado.¹

O risco parece ser ligeiramente maior com terapêutica intensiva com estatinas do que com terapêutica moderada.^2,5

Dadas as evidências existentes de que as estatinas reduzem os eventos cardiovasculares, os seus efeitos benéficos superam claramente qualquer risco conferido ao promover o desenvolvimento de DM2.^2,4,5 Em pessoas com risco de doença cardiovascular que justifique o tratamento com uma estatina, o risco aumentado de DM2 não deve impedir o seu uso, embora seja prudente aumentar os esforços na prevenção de diabetes e rastrear o seu desenvolvimento nas pessoas com risco elevado, especialmente naqueles em terapêutica intensiva com estatinas.¹

Para minimizar o risco de alterações metabólicas relacionadas com pré-diabetes ou diabetes, é importante selecionar o tratamento de acordo com as características individuais e das várias estatinas.⁷ Durante a terapêutica, a adesão a um estilo de vida adequado é fundamental na prevenção de diabetes.^4,5

Referências bibliográficas

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2. Rosenson RS. Statins: Actions, side effects, and administration. UpToDate®. Topic last updated: Jul 22, 2021. Disponível em: www.uptodate.com

3. McEvoy GK. ed. American Hospital Formulary Service Drug Information 2019. Bethesda, American Society of Health-System Pharmacists, 2019.

4. Sattar NA, Ginsberg H, Ray K, Chapman MJ, Arca M, Averna M, et al. The use of statins in people at risk of developing diabetes mellitus: evidence and guidance for clinical practice. Atheroscler Suppl. 2014 Jun; 15(1): 1-15. doi: 10.1016/j.atherosclerosissup.2014.04.001.

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6. IBM Micromedex® DRUGDEX® (electronic version). Truven Health Analytics, Greenwood Village, Colorado, USA. [acedido a: 26-02-2022]. Disponível em: http://www.micromedexsolutions.com/

7. Millán Núñez-Cortés J, Cases Amenós A, Ascaso Gimilio JF, Barrios Alonso V, Pascual Fuster V, Pedro-Botet Montoya JC, Pintó Sala X, Serrano Cumplido A. Consensus on the Statin of Choice in Patients with Impaired Glucose Metabolism: Results of the DIANA Study. Am J Cardiovasc Drugs. 2017 Apr; 17(2): 135-142. doi: 10.1007/s40256-016-0197-9.



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