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Quais as precauções necessárias na descontinuação dos inibidores da bomba de protões?

  • Breves Questões Terapêuticas
25 Janeiro 2022
Quais as precauções necessárias na descontinuação dos inibidores da bomba de protões?

  • A toma prolongada de inibidores da bomba de protões (IBP) é muitas vezes desnecessária e deve ser evitada.
  • Existem relatos de hipersecreção ácida de rebound após interrupção do tratamento com IBP.
  • Ao interromper a terapêutica com IBP é recomendável uma abordagem gradual. 

Os IBP inibem a secreção de ácido gástrico,1,2 sendo a base da terapêutica para distúrbios como a úlcera péptica ou a doença de refluxo gastroesofágico, entre outros.3

Os IBP devem ser prescritos na dose mais baixa e pelo menor período de tempo adequado à condição a ser tratada.4 Para muitas pessoas, é apropriado o uso a curto prazo (4 a 8 semanas).1 Somente algumas condições requerem o uso a longo prazo dos IBP.5

O uso de IBP tem aumentado,2,3 contribuindo para este facto a prescrição inadequada e o uso prolongado.3 Quando um IBP é indicado, os seus benefícios superam em muito os riscos teóricos.6 No entanto, tem havido uma preocupação crescente com os potenciais efeitos adversos associados à terapêutica prolongada.2,3 Muitas pessoas tomam IBP, como medicamentos não sujeitos a receita medica, além do tempo recomendado para este tipo de utilização.2

A hipersecreção ácida de rebound (HAR) pode ocorrer após a interrupção da terapêutica com IBP.4,7 A HAR é a recorrência dos sintomas devido a um aumento temporário na secreção de ácido gástrico, acima dos níveis de pré-tratamento, após a interrupção da terapêutica com IBP.1,7 Os sintomas podem incluir azia, regurgitação ou dispepsia.1 Voluntários assintomáticos desenvolveram novos sintomas relacionados com ácido após finalizarem 4 a 8 semanas de tratamento com um IBP. Embora a existência fisiológica de HAR após a retirada da terapêutica com IBP se encontre estabelecida, as implicações clínicas são menos certas.3 No entanto, existem preocupações de que possa contribuir para o uso crescente de IBP de forma prolongada. Os sintomas de HAR são semelhantes à doença subjacente para a qual o IBP foi usado. Assim, o tratamento inicial criaria a necessidade de tratamento adicional.1

A duração do tratamento com IBP deve ser estabelecida inicialmente, abordando os possíveis riscos do uso continuado.5 É importante evitar a prescrição prolongada desnecessária,3,5 especialmente quando a toma foi iniciada por motivos inadequados.3 As pessoas em tratamento com IBP devem ser alertadas de que podem ocorrer sintomas rebound após a sua interrupção, para evitar a continuação ou o reinício injustificado do tratamento.7

A necessidade de medicação em pessoas que requerem terapêutica prolongada com IBP (por ex., devido ao uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides ou sintomas crónicos de refluxo graves) e os possíveis efeitos adversos associados devem ser reavaliados periodicamente.3

Se a situação clínica justificar a interrupção da terapêutica, é importante adotar uma estratégia de redução gradual ao longo do tempo.1,2,6 Recomenda-se, por exemplo, a diminuição da dose, o aumento do intervalo entre doses,4-6 ou uma combinação das duas estratégias.6 Contudo, não há evidências suficientes para determinar qual é a melhor estratégia para a retirada de IBP.3-6

Tratamentos alternativos, como antagonistas dos recetores H2,1,3,5-7 antiácidos,1,3,6,7 ou protectores da mucosa gástrica (alginato ou sucralfato)5,6 podem ser úteis no controle dos sintomas leves após o término da terapêutica com IBP. Devem ser usados juntamente com modificações no estilo de vida.3 Caso os sintomas persistam, a pessoa deve regressar ao médico.6 A terapêutica com IBP, usada unicamente conforme necessário, também pode ser adequada se os sintomas reaparecerem.3,5




Referências bibliográficas

1. Proton pump inhibitors and rebound acid hypersecretion. Prescriber Update. 2019 [acedido a 05-12-21]; 40(2): 36-37. Disponível em:

https://www.medsafe.govt.nz/profs/PUArticles/June2019/Proton-pump-inhibitors-and-rebound-acid-hypersecretion.htm

2. Ambizas EM Etzel JV. Proton Pump Inhibitors: Considerations With Long-Term Use.US Pharm. 2017 [acedido a 10-12-21]; 42(7): 4-7. Disponível em:  

https://www.uspharmacist.com/article/proton-pump-inhibitors-considerations-with-longterm-use

3. Bytzer P. Deprescribing proton pump inhibitors: why, when and how. Med J Aust. 2018 Nov 19; 209(10): 436-438. doi: 10.5694/mja18.00674.

4. Wolfe MM. Proton pump inhibitors: Overview of use and adverse effects in the treatment of acid related disorders. UpToDate®, Topic last updated: Nov 29, 2021.  Disponível em: www.uptodate.com

5. Inhibidores de la bomba de protones (IBP): recomendaciones de uso. INFAC. 2016 [acedido a 10-12-21]; 24(8): 44-51. Disponível em:

https://www.osakidetza.euskadi.eus/contenidos/informacion/cevime_infac_2016/es_def/adjuntos/INFAC_24_n_8_%20IBP%20recomendaciones.pdf

6. Inibidores da bomba de protões (IBP). Recomendações terapêuticas. Nª 3, Infarmed, 2017.  [acedido a 05-12-21] Disponível em:

https://www.infarmed.pt/documents/15786/1909769/Inibidores+da+Bonba+de+Prot%C3%B5es/fe44c351-515c-4ab4-a437-689f2f8c1aae

7. Pouw RE, Bredenoord A.J. Mistakes in the use of PPIs and how to avoid them. UEG Education 2017; 17: 15-17. [acedido a 10-12-21] Disponível em:

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/ueg-elearning/ueg-mistakes-series/Mistakes.in.series-042017.PPIs.pdf

 

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