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Quais são as precauções necessárias para o uso seguro da vitamina D?
- Breves Questões Terapêuticas
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A vitamina D é sintetizada na
pele durante a exposição solar, o que é habitualmente suficiente para evitar a
carência.1,2 Os peixes gordos, os óleos de peixe e a gema do ovo são
os escassos alimentos que contêm vitamina D de forma natural,1 existindo
também alimentos fortificados.2
O termo vitamina D é usado para
vários compostos, incluindo: colecalciferol (vitamina D3) -forma sintetizada na
pele, ergocalciferol (vitamina D2), alfacalcidol (1α-hidroxicolecalciferol) e calcitriol
(1,25-dihidroxicolecalciferol) - forma biologicamente activa.3 A
vitamina D, lipossolúvel, acumula-se no fígado, no musculo e no tecido adiposo.1
Para prevenção de carências, quando
a exposição solar é insuficiente, propõe-se reforçar o aporte oral pelo consumo
de alimentos enriquecidos em vitamina D, de medicamentos ou de suplementos
alimentares. As situações de carência comprovada têm consequências clínicas no
metabolismo ósseo, como o raquitismo e a osteomalácia.1
A definição de deficiência tem
sido controversa. A norma para a prevenção e tratamento da deficiência de
vitamina D da Direção-Geral da Saúde indica valores de referência para os
níveis plasmáticos que permitem defini-la, bem como as situações e forma em que
deve ser efetuada suplementação. Em adultos com deficiência documentada, a
suplementação deve ser realizada num aporte de 600 UI/dia para adultos até aos
70 anos e de 800 UI/dia para as pessoas com 70 ou mais anos.4 Em
situações de maior gravidade clínica podem ser precisas doses superiores.3,4
Excecionalmente, para facilitar a adesão, podem ser prescritos esquemas
posológicos com doses semanais mais elevadas no início. A dose máxima diária de
vitamina D deve ser de 4 000 UI/dia.6
A suplementação nas doses
estabelecidas não causa problemas de segurança.5 Contudo, apesar da
ampla margem entre os níveis adequados de vitamina D e os níveis tóxicos,6
um aporte excessivo pode ter consequências, como hipercalcemia e
hiperfosfatemia1,6 que, em ocasiões, podem ser graves.1
Os sintomas associados a
hipercalcemia incluem confusão, poliúria, polidipsia, anorexia, vómitos,
fraqueza muscular1-3 e obstipação,3,5 entre outros. A intoxicação
crónica pode causar nefrocalcinose,2,7 desmineralização óssea e dor.2,5,7
Os limites superiores de ingestão
diária, considerados seguros para a maioria dos indivíduos, podem não se
aplicar a indivíduos com condições médicas que predispõem à hipercalcemia.3
Nos últimos anos tem aumentado o
uso de vitamina D, tal como os relatos de toxicidade e de casos graves de
hipercalcemia relacionados com a utilização de doses elevadas,2 ou
com erros no fabrico, na prescrição, na dispensa ou na administração de
medicamentos ou suplementos com vitamina D.1,2,5 Certos fatores podem
contribuir:
- Muitas pessoas assumem que as vitaminas são seguras e utilizam-nas sem a orientação de um profissional de saúde.6
- Uso de doses superiores às recomendadas. Encontram-se à venda na internet soluções muito concentradas; têm sido relatados casos de intoxicação em crianças que receberam doses elevadas por erro ou por utilização de produtos sem prescrição.1,2
- Numerosos esquemas posológicos. A existência de diferenças nos produtos disponíveis e de apresentações com diferentes regimes de administração (dose única, diária, semanal ou mensal) pode contribuir para o surgimento de erros.1-3,5
- Diferentes unidades de medida. O composto de vitamina D pode ser expresso em unidades métricas ou internacionais nos produtos, podendo existir potencial confusão.3
- Erros relacionados com a organização de cuidados de saúde. Por ex., confusão entre frascos de aspeto similar ou associação de vários produtos contendo vitamina D.1 Podem surgir erros por má comunicação da duração da terapêutica, particularmente nas transferências de cuidados. Uma reconciliação inadequada dos medicamentos pode contribuir para esse risco.3
Recomendações:
- Efetuar educação para a saúde para prevenir a deficiência de vitamina D, com enfoque nas medidas não farmacológicas: exposição solar moderada e fontes dietéticas, como ovos e peixes gordos.4
- Selecionar a apresentação adequada do medicamento para cada situação, anotando nas prescrições a dose por toma e a frequência de administração.2,5
- Os farmacêuticos devem verificar a apresentação e regime posológico, e revisar as instruções de administração com os utentes, garantindo a sua compreensão.2
- Informar os utilizadores sobre os possíveis sintomas decorrentes da sobredosagem,2,6 promovendo a sua identificação precoce.3
- Informar sobre os riscos da automedicação, nomeadamente a realizada através de suplementos.1 Confirmar que a pessoa não toma outros suplementos com vitamina D.2,4
- Ao prescrever, validar ou dispensar produtos com vitamina D, estar ciente de eventuais diferenças nas unidades usadas para expressar o componente ativo.
- Assegurar documentação clara e a comunicação da dose, frequência e duração do tratamento pretendido nas transferências de cuidados.3
- Realizar a monitorização de níveis séricos de 25(OH)D em pessoas em tratamento com fármacos que interferem com a absorção ou o metabolismo de vitamina D e cálcio, ou com síndromas de má absorção intestinal.4
Referências bibliográficas
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7. Pazirandeh
S, Burns Dl. Overview of vitamin D. UpToDate®. Topic last updated Aug 22, 2022.
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