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Qual o papel dos relaxantes musculares no tratamento da lombalgia?

  • Breves Questões Terapêuticas
28 Outubro 2021
Qual o papel dos relaxantes musculares no tratamento da lombalgia?

  • Os relaxantes musculares são comummente prescritos na lombalgia, mas a evidência disponível é limitada.
  • Poderá ser ponderado o uso de antiespasmódicos não benzodiazepínicos por períodos de tempo curtos, principalmente na lombalgia aguda.
  • Os possíveis efeitos adversos, como a sedação, devem ser considerados.

Na lombalgia,  como terapêutica farmacológica inicial, são geralmente recomendados anti-inflamatórios não esteroides (AINE) ou, caso estes sejam contraindicados, paracetamol.1

Os relaxantes musculares (RM) são um grupo heterogéneo de medicamentos com efeitos fisiológicos semelhantes,1,2 proporcionando analgesia e algum relaxamento muscular ou alívio de espasmos musculares.1 Entre os RM de ação central incluem-se: antiespasmódicos não benzodiazepínicos, usados para reduzir o espasmo muscular associado a lesões musculares (ciclobenzaprina, metocarbamol, tiocolquicosido, tizanidina) e antiespásticos, usados para reduzir a espasticidade (tónus ​​muscular elevado), comummente associada à paralisia cerebral, esclerose múltipla e lesões da medula espinhal (baclofeno).1,2 As benzodiazepinas são também usadas na redução do espasmo associado a lesão muscular (diazepam).1-3

Os RM proporcionam alívio sintomático a curto prazo na lombalgia aguda inespecifica.1,4 Os resultados de algumas revisões sistemáticas e meta-análises mostraram eficácia de alguns RM não benzodiazepínicos, em tratamento de curta duração, no alívio sintomático da lombalgia aguda.1,3,5 Algumas fontes sugerem o uso de um RM não benzodiazepínicos como tratamento de segunda linha da lombalgia aguda1 ou da lombalgia subaguda (duração entre 4 e 12 semanas),5 podendo ser adicionado ao tratamento analgésico inicial em pessoas com dor refratária.1 Os dados para apoiar o uso prolongado destes fármacos são insuficientes.3,5,6

A evidência sobre a eficácia das benzodiazepinas na lombalgia é limitada.3 Algumas fontes afirmam que não melhoram a dor ou os resultados funcionais,1 e desaconselham o seu uso.1,3

As normas de orientação clínica internacionais proporcionam recomendações contraditórias sobre o uso de RM na lombalgia.2,7 A norma americana recomenda RM ou AINE como opções de primeira escolha para o tratamento da lombalgia, dependendo do perfil de risco do doente.6 Outras normas não os recomendam ou não os incluem.7 O médico deve determinar se um doente específico é um candidato adequado para este tratamento.4

Os principais efeitos indesejáveis dos RM não benzodiazepínicos estão relacionados com efeitos no sistema nervoso central,1,6 e com a atividade anticolinérgica.1 Pode surgir sedação,1,2,6 que pode limitar a capacidade de trabalhar ou conduzir,1 tonturas,1,2,7 cefaleia e náuseas.2,7 É mais provável que sejam problemáticos em pessoas idosas,1 devendo ser usados com precaução.1,4 Em indivíduos que não toleram os efeitos sedativos, pode ser útil a toma de um analgésico durante o dia e de um RM antes de dormir.1  

As benzodiazepinas têm uma forte ação sedativa. Devido ao seu potencial de abuso e dependência,1,7 não se consideram adequadas para um tratamento prolongado.1,3



Referências bibliográficas

1. Knight CL, Deyo RA, Staiger TO, Wipf JE. Treatment of acute low back pain. UpToDate®, topic last updated: Mar 19, 2020. Disponível em: www.uptodate.com

2. Cashin AG, Folly T, Bagg MK, Wewege MA, Jones MD, Ferraro MC, et al. Efficacy, acceptability, and safety of muscle relaxants for adults with non-specific low back pain: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2021; 374: n1446. doi: 10.1136/bmj.n1446.

3. Abdel Shaheed C, Maher CG, Williams KA, McLachlan AJ. Efficacy and tolerability of muscle relaxants for low back pain: Systematic review and meta- analysis. Eur J Pain. 2017; 21(2): 228-237. doi: 10.1002/ejp.907. 

4. van Tulder MW, Touray T, Furlan AD, Solway S, Bouter LM. Muscle relaxants for non-specific low back pain. Cochrane Database Syst Rev. 2003; 2003(2): CD004252. doi: 10.1002/14651858.CD004252.

5. Chou R. Subacute and chronic low back pain: Nonpharmacologic and pharmacologic treatment. UpToDate®, topic last updated: Jun 09, 2019.  Disponível em: www.uptodate.com

6. Qaseem A, Wilt TJ, McLean RM, Forciea MA; Clinical Guidelines Committee of the American College of Physicians, Denberg TD, Barry MJ, Boyd C, Chow RD, Fitterman N, Harris RP, Humphrey LL, Vijan S. Noninvasive Treatments for Acute, Subacute, and Chronic Low Back Pain: A Clinical Practice Guideline From the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2017; 166(7): 514-530. doi: 10.7326/M16-2367.

7. Schreijenberg M, Koes BW, Lin CC. Guideline recommendations on the pharmacological management of non-specific low back pain in primary care - is there a need to change? Expert Rev Clin Pharmacol. 2019; 12(2): 145-157. DOI 10.1080/17512433.2019.1565992




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